Vi teus olhos escuros perdidos em letras,
Hipnotizado pelas palavras
Do livro que seguravas.
Meu olhar se perdia em ti.
Sem pensar, oi falei e vergonha senti.
Queria saber que te encantava e sorri.
Acho que pensou: gesto ousado!
Me olhou desconfiado,
E permaneceu enfeitiçado
Na leitura que fazia.
A noite cinza me consumia
Teu olhar tinha magia
Tintas coloridas de algo novo.
Pensei: te veria de novo?
Ou sumirias meio do povo?
Desceria comigo então?
Achei que não! Não!
Moraria noutra estação,
E eu na próxima, Liberdade.
Dois estranhos nessa imensa cidade
Se reencontrarem, sem possibilidade!
Eramos passageiros de viagem
Que se encontraram de passagem
Em meio ao louco vai e vem do trem!
Pensava e pensava, no entanto,
Senti que queria tanto
Te dizer sem espanto
Do arco íris que pintei
Das possibilidades que enxerguei
Das histórias que imaginei,
Da beleza que em ti vi.
Do canto do bem-te-vi,
Ou das coisas que vivi.
A estação chegou, paramos.
Cheguei... opa! Chegamos!
Outra coincidência encontramos
Vivemos perto, quem diria?
E naquela noite fria
Enquanto você sorria
Me despedi de ti
Mas de novo senti
Aquela coragem repentina
E com cara de pau de menina
Teu telefone pedi...
Sai dali achando graça
Caminhamos para lados opostos da praça,
Podia ter sido só isso.
Acredita nisso?
Toda história tem final
Podia ser um encontro banal
Entre a poetiza e o pintor.
Mas resolveu o escritor
Sem expressão ou aquarela
Tornar a vida mais bela
Rabiscar nessa tela
O ponto e um traço
Bom começo
De obra que desconheço
Brincadeira do destino
Que Matusalém faz menino
No meu olhar feminino
Poesia iniciada.
Sem prometer absolutamente nada,
Numa atitude ousada
Como são os grandes começos
Verti aqui alguns versos
Sonhando (ins)pirar os teus traços.
(AMW - Fênix)
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