sábado, 10 de novembro de 2018

(Ins)piração

Vi teus olhos escuros perdidos em letras,

Hipnotizado pelas palavras

Do livro que seguravas.

Meu olhar se perdia em ti.

Sem pensar, oi falei e vergonha senti.

Queria saber que te encantava e sorri. 

Acho que pensou: gesto ousado!

Me olhou desconfiado,

E permaneceu enfeitiçado

Na leitura que fazia.

A noite cinza me consumia

Teu olhar tinha magia

Tintas coloridas de algo novo.

Pensei: te veria de novo?

Ou sumirias meio do povo?

Desceria comigo então?

Achei que não! Não!

Moraria noutra estação,

E eu na próxima, Liberdade.

Dois estranhos nessa imensa cidade

Se reencontrarem, sem possibilidade!

Eramos passageiros de viagem

Que se encontraram de passagem

Em meio ao louco vai e vem do trem!

Pensava e pensava, no entanto,

Senti que queria tanto

Te dizer sem espanto

Do arco íris que pintei

Das possibilidades que enxerguei

Das histórias que imaginei,

Da beleza que em ti vi.

Do canto do bem-te-vi,

Ou das coisas que vivi.

A estação chegou, paramos.

Cheguei... opa! Chegamos!

Outra coincidência encontramos

Vivemos perto, quem diria?

E naquela noite fria

Enquanto você sorria

Me despedi de ti

Mas de novo senti

Aquela coragem repentina

E com cara de pau de menina

Teu telefone pedi...

Sai dali achando graça

Caminhamos para lados opostos da praça,

Podia ter sido só isso.

Acredita nisso?

Toda história tem final

Podia ser um encontro banal

Entre a poetiza e o pintor.

Mas resolveu o escritor

Sem expressão ou aquarela

Tornar a vida mais bela

Rabiscar nessa tela

O ponto e um traço

Bom começo

De obra que desconheço

Brincadeira do destino

Que Matusalém faz menino

No meu olhar feminino

Poesia iniciada.

Sem prometer absolutamente nada,

Numa atitude ousada

Como são os grandes começos

Verti aqui alguns versos

Sonhando (ins)pirar os teus traços.

(AMW - Fênix)

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